Após atingir a maior cheia do rio negro de toda a história – com cerca de 30 metros – o nível do rio Negro começa a recuar e já marca um recuo de 17 centímetros e, oficialmente, registra o início do processo de vazante. No entanto, o início da vazante não garante a volta da normalidade para os amazonenses.
Com os níveis marcando 29,85 metros no dia 06 de julho, o rio Negro ainda está com níveis acima da cota de inundação severa. A engenheira ambiental e pesquisadora do Serviço Geológico do Brasil (CPRM), Luna Gripp, explica como o processo de vazante pode ser caracterizado a partir do atual período:
“Finalmente os grandes rios do Amazonas e da região central próxima à Manaus começaram a apresentar indícios de vazante. Consideramos o processo de vazante como um período de tempo em que o rio, durante vários dias consecutivos, apresenta processo de descida de seu nível”.
De acordo com a pesquisadora, desde que rio apresentou a cota máxima e começou a descer, já registrou-se uma descida de ao menos 15 centímetros, tanto para o rio Negro em Manaus, quanto para o rio Solimões em Manacapuru.
No dia 16 de junho, o rio Negro atingiu os 30,02 metros, após passar 8 dias estabilizado na marca histórica de 30 metros. A subida não foi considerada um repiquete, já que aconteceu devido a uma chuva de magnitude muito acima do esperado, nos dias 13 e 14 de junho, em uma grande área das bacias dos rios Negro e Solimões.
A pesquisadora diz que o fenômeno já era previsto após o efeito dessa chuva. Luana prevê que o rio ainda demorar para voltar a normalidade. “Vai demorar bastante tempo para que o rio retorne ao nível mais baixo que 29 metros e ainda mais tempo para retornar a 27,5 metros. Essas cotas são válidas para Manaus, mas são bem próximas de cada um os municípios”.
Apesar do cenário, a assistência a pessoas afetadas pelas enchentes continua.
De acordo com o titular da Delegacia Especializada em Crimes contra o Meio Ambiente, Herberth Lopes, madeiras em situação ilegal apreendidas pela pasta, estão sendo doadas para a construção de passarelas:
“As madeiras são destinadas àquelas organizações/empresas que continuaram em funcionamento durante esse momento de calamidade. Iranduba, por exemplo, estava quase debaixo d’agua e essa madeira foi de suma importância para amenizar o impacto da cheia nesses municípios”.
De janeiro a junho deste ano, foram apreendidos mais de 250 metros cúbicos de madeira em situação ilegal durante operações policiais no estado.
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Reportagem: Ricardo Chaves
Fotos: Divulgação / Semcom;