60 anos do golpe de 1964: alvos da ditadura no AM relatam perseguições e exploração durante 20 anos

Reportagem: Eros de Sousa. 

No último dia 31 de março se completou 60 anos do golpe militar de 1964. Durante os mais de 20 anos de ditadura, militares viam a região Amazônica como um desafio de ocupação, tratada como uma terra sem homens.

É com base nesse pensamento que obras de integração foram realizadas pelos militares no Amazonas. Uma delas a Transamazônica, que cortaria o país horizontalmente, além de outras como a construção da Usina hidrelétrica de Balbina, no município de Presidente Figueiredo (AM) e da rodovia BR-174.

O doutor em História, Cesar Augustus Queiroz, explica que os militares enxergavam as florestas e os povos indígenas como uma barreira para esta ocupação.(Ouça)

Em 2014, a Comissão da Verdade apontou que mais de 8 mil indígenas foram mortos durante a ditadura militar no país. Um dos principais povos atingidos foram os Waimiri-Atroari, estima-se que mais de 2 mil indígenas foram mortos para a construção da BR-174, como explica o historiador.(Ouça)

Outro aspecto importante da tentativa de ocupação da região pelos militares é a própria zona Franca de Manaus, planejada anos antes, só fica pronta a partir do dia 28 de fevereiro de 1967, por meio do Decreto-Lei nº 288. O historiador Cesar Queiroz explica que a construção da Zona Franca trouxe benefícios, mas também resultou em uma exploração descabida dos trabalhadores no período.(Ouça)

Em junho de 1964, o governador do estado, Plínio Coelho, foi deposto, e no lugar dele os militares colocaram Arthur Reis como um “interventor”. Além disso, também houve perseguição à imprensa, o então interventor Arthur Reis fechou os jornais “A Gazeta” e “O Trabalhista”, com os redatores sendo presos.

A perseguição não era apenas com a imprensa amazonense, os estudantes também sofreram ameaças. Em entrevista à BandNews Difusora, o advogado Félix Valois relata a perseguição que sofreu durante os anos de chumbo.(Ouça)

Na época, além de Plínio Coelho, o senador Arthur Virgílio Filho, e os deputados federais Gilberto Mestrinho e Almino Afonso também foram depostos.

Mortes também faziam parte dos anos de chumbo no Amazonas. A principal é a do sindicalista Antogildo Pascoal Viana, que teria se jogado da janela de casa, mas que foi muito contestada, pois o sindicalista já estava sendo perseguido por agentes da repressão. Antogildo teria sido o responsável por paralisar o porto de Manaus devido a uma greve em 1962.

Essas e outras histórias poderão ser conferidos no livro “60 Anos do Golpe de 1964: o Amazonas em Perspectiva” organizado pelo historiador Cesar Queiroz que será lançado em agosto deste ano.

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