Após denúncias feitas por pacientes sobre casos de violência obstétrica no Hospital Padre Colombo, em Parintins, a direção da unidade nega as acusações, mas admite que teve o atendimento prejudicado pela alta demanda de procedimentos obstétricos.
Na última sexta-feira (24), mães procuraram a BandNews Difusora e relataram maus tratos durante o trabalho de parto na unidade hospitalar. Elas afirmam terem sido vítimas de negligência e de procedimentos traumáticos. As denunciantes dizem que, em dois dos casos, os bebês morreram.
O Ministério Público do Amazonas (MPAM) abriu no início desta semana inquérito para apurar as denúncias e deve começar a ouvir as vítimas na próxima semana.
A direção do hospital emitiu nota oficial na qual nega as acusações, afirma que não houve negligência nos casos em que dois bebês morreram no parto e que colabora com o Ministério Público, Defensoria Pública do Estado e Polícia Civil para esclarecer os fatos.
O comunicado destaca que, apesar da equipe de atendimento a gestantes seguir protocolos científicos já estabelecidos e validados, podem surgir problemas relacionados ao organismo de cada mãe e cada bebê que podem ocasionar perdas.
Ainda na resposta, o Hospital Padre Colombo repudia os ataques que tem sofrido após a repercussão do caso e diz que isso tem causado transtornos no atendimento a outras gestantes na cidade. (leia a nota na íntegra no fim da reportagem)
Hospital revela sobrecarga e falta de suporte
A unidade hospitalar pertence e é administrada pela Diocese, da Igreja Católica no município, mas tem convênio com a Prefeitura de Parintins para atender pacientes do SUS.
Representante da Diocese de Parintins, o padre Mauro Romanello afirma que há a necessidad de mais suporte da Prefeitura, que desabilitou o atendimento às grávidas no outro hospital da cidade, o Jofre Cohen, o que causou a sobrecarga de assistência no Padre Colombo. (ouça)
A enfermeira Débora Marinho, que atua no hospital Padre Colombo, explica que o número de partos realizados na unidade registrou alta significativa. A demanda esperada é de 114 partos por mês, porém em agosto foram 240. (ouça)
A direção do hospital ressaltou à reportagem que já procurou a Prefeitura de Parintins para falar sobre a necessidade de apoio no atendimento às gestantes do município.
Leia na íntegra a nota emitida pela direção do Hospital Padre Colombo sobre as denúncias
O HOSPITAL PADRE COLOMBO, antes de tudo, agradece a todas as famílias parintinenses que manifestaram apoio aos nossos profissionais, em especial às nossas parteiras, técnicas de enfermagem, enfermeiras e médicos obstetras e pediatras, em razão das acusações tão graves que estes profissionais receberam e vem recebendo ultimamente.
Hoje trabalham no Hospital Padre Colombo: 82 técnicos(as) de enfermagem; 16 auxiliares de Enfermagem; 9 servidores operacionais; 7 técnicos(as) de Enfermagem com experiência em parto (parteiras); 3 enfermeiras obstetras; 5 médicos(as) obstetras e; 2 médicos pediatras.
Esses profissionais são a única equipe de assistência ao parto e recém-nascidos no município de Parintins e região e servem a uma população de cerca de 120.000 mil habitantes, auxiliando no nascimento de bebês, que foram cerca de 4.138 em 2020 e 3.157 em 2021 até 08/2021.
Não podemos aceitar como verdadeira uma acusação que, apesar de séria, é desprovida de qualquer fundamento. Cuidamos de vidas, e o que nos move é o amor pela vida e pelas pessoas. Somos uma Instituição que nasceu e cresceu por sua base Religiosa de amor ao próximo e, graças a isso, temos força e resistência, pois nossa luta é aberta e em benefício da vida de toda a população de Parintins e região, da caridade e da fraternidade.
Somos 100% SUS, portanto, não possuímos a estrutura perfeita, não temos o número de profissionais preconizados pela OMS, também não temos todos os recursos que precisamos para atender de forma completa a demanda atual das urgências em obstetrícia e ginecologia de Parintins e região, mas temos amor e responsabilidade pelo que fazemos e não medimos esforços para servir às famílias parintinenses da forma que o SUS permite e, na maioria das vezes, até mais do que isso.
Ao escolhermos a Obstetrícia, escolhemos lidar com a vida, com nascimentos e com muitas alegrias, mas, infelizmente, isso não significa que nunca teremos complicações ou perdas. Somos conscientes que mesmo seguindo protocolos científicos já estabelecidos e validados, podem surgir intercorrências relacionadas ao organismo de cada mãe e cada bebê, as quais, muitas vezes, não são contornáveis durante o trabalho de parto e parto, ainda que empenhemos todos os esforços.
Saibam, porém, que nós profissionais da Obstetrícia do Hospital Padre Colombo também somos mães, pais, avôs e avós, não tendo em nossos corações a intenção de perder vidas, nunca! Ao contrário, nada nos causa maior dor. Tudo o que buscamos como equipe é salvar vidas, este é o nosso objetivo principal objetivo como instituição, como profissionais e, antes de qualquer coisa, como seres humanos.
Queremos nos solidarizar com todo usuário que, de alguma forma, sentiu seu atendimento como inadequado em nosso Hospital, que venha até nós, que nos informe e nos ajude a corrigir eventuais falhas, sempre precisamos melhorar e temos a convicção que estamos nesse processo em busca de oferecer o tão sonhado espaço para um parto seguro, respeitoso e humanizado.
Vale ressaltar que nenhuma família procurou a direção do Hospital para buscar o devido esclarecimento sobre os procedimentos, optaram por exposição pública da instituição, baseando-se na opinião de pessoas que não têm competência e nem conhecimento técnico para fazer a análise dos fatos e muito menos, o julgamento do que ocorreu.
Por fim, informamos que todo o Hospital Padre Colombo e seus servidores estão à disposição do Ministério Público, Defensoria Pública e da Polícia Civil e fazem questão de provar que não houve qualquer irregularidade nesses partos, especificamente nesses 2 casos, ou qualquer outro, porém, infelizmente, não podem trazer a público os documentos relacionados, como prontuário médico, depoimento de profissionais e testemunhas, uma vez que são informações sigilosas, mas que referidas provas serão apresentadas tão logo sejam solicitadas pelas autoridades competentes. Ademais, o hospital informa que há estão sendo tomadas as medidas judiciais cabíveis contra os responsáveis pelas inverdades.
(*O texto foi atualizado nesta quinta-feira, às 13h27)
Reportagem: Cindy Lopes
Foto: Reprodução/Internet