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Especial – O Caso Dom e Bruno: quem eram o indigenista e o jornalista que defendiam a Amazônia

Reportagem: Cindy Lopes e Rennan Gardini

5 de junho de 2022. Vale do Javari.

Bruno Pereira desapareceu em terras indígenas, em sua companhia estava o jornalista britânico Dom Phillips, que escrevia um livro sobre a amazônia com o auxílio de Bruno

A partir do dia seguinte, as notícias…

Mas quem eram Bruno e Dom?

Bruno da Cunha Araújo Pereira era natural de Recife, Pernambuco. O corpo foi velado em sua cidade, onde Bruno passava tempo quando estava fora do Vale do Javari. Entre os cânticos do povo Xucuru, o barulho de instrumentos de percussão e a despedida da família do indigenista, seu funeral foi marcado pela emoção de pessoas que conheceu e povos que o consideravam um herói.

Existe uma pessoa por trás do nome. Uma pessoa cujo trabalho ajudou povos indígenas a serem vistos, e não ignorados.

Tinha 29 anos quando ingressou na Funai como agente em indigenismo em setembro de 2010. Bruno chegou a ser coordenador regional do Vale do Javari, no município de Atalaia do Norte, mas, em 2016, após um conflito registrado entre povos isolados da região, deixou o cargo.

No ano de 2018, retomou o trabalho e se tornou o coordenador-geral da área da Funai, responsável por indígenas isolados e de recente contato.

Em setembro de 2019, Bruno esteve a frente da operação Korubo, uma ação de combate ao garimpo ilegal próximo aos indígenas isolados no Vale do Javari. Na época, pelo menos 60 balsas usadas ilegalmente na extração do minério foram destruídas.

Um mês depois, ele acabou exonerado do cargo.

Bruno Pereira era reconhecido por seu papel na mediação de conflitos entre as comunidades indígenas, empresas e órgãos governamentais, e se dedicou a viver nessas comunidades, aprendendo suas línguas, seus costumes e desafios diários. Ele buscava entender quem defendia.

Como conta Eliézio Marubo, Coordenador jurídico da UNIVAJA e amigo pessoal de Dom e Bruno. (Ouça) 

Em uma entrevista com a jornalista Rosiene Carvalho, Bruno afirma que considerava sua relação com os povos indígenas como sua prioridade, sua relação com Estado e Funai não chegava perto ao que ele sentia pelos povos que trabalhava. (Ouça) 

Domenic Mark Phillips nasceu em 1965 na cidade de Bebington, a 8 quilômetros ao sul de Liverpool, no noroeste da Inglaterra, mas, nos últimos 15 anos morou no Brasil.

Apaixonado pela Amazônia, o jornalista viajou diversas vezes para a região e dedicou a carreira para relatar a crise ambiental, exploração ilegal de recursos naturais e os problemas das comunidades indígenas.

Do Brasil, colaborava com o jornal britânico The Guardian, e também escrevia para o New York Times, Washington Post e Financial Times. Desde o momento em que Dom pisou no Brasil, se dedicou ao trabalho com povos indígenas.

A importância de seu trabalho transcende fronteiras, levando o drama dos povos indígenas para o mundo. Suas matérias de denúncia trouxeram uma visibilidade internacional importante.

Foi em uma reportagem para o The Guardian que Dom conheceu Bruno Pereira, em 2018. Os dois fizeram parte de uma expedição de 17 dias pela Terra Indígena Vale do Javari.

O interesse em comum aproximou o jornalista do indigenista que desde então viajaram juntos para a região algumas vezes.

Bruno é citado em algumas matérias de Dom Phillips para o Guardian, mais precisamente em matérias ligadas ao Vale do Javari, os povos indígenas que vivem nele e ao Garimpo Ilegal.

Com o auxílio de Bruno, Dom trabalhava em um livro chamado “Como Salvar a Amazônia” quando adentrou o Vale do Javari pela última vez. O livro não chegaria a ser escrito por completo.

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